sábado, 28 de março de 2020
sexta-feira, 27 de março de 2020
RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
A partir do século XI muitas mudanças aconteceram nas
regiões da Europa nas quais predominavam o Feudalismo, ocasionando um grande
crescimento populacional e um aumento substancial na produção. Por causa disso,
as comunidades tiveram que encontrar uma solução para o excedente da produção.
Começaram então a reestabelecer os contatos comerciais com outros feudos e a
utilizarem novamente as moedas que outrora tinham ficado praticamente esquecidas,
já que eram autossuficientes e só realizavam trocas de produtos internamente
nos feudos.
Já que a
população havia aumentado e a produção também, não havia a necessidade de tanta
gente trabalhar na agricultura, assim, muitos servos resolveram tentar a sorte
como artesão ou comerciantes, mas como hoje, nem todos que iniciam um negócio
tem sucesso. Aqueles que fracassaram, acabaram voltando para os antigos feudos,
entraram na vida de mendicância ou mesmo iniciaram no ramo da criminalidade.
As feiras medievais
A
princípio, os comerciantes também conhecidos como mercadores, iam até outros
feudos e aldeias para venderem suas mercadorias. O principal meio de transporte
utilizado era a carroça, porém as estradas não eram de qualidade, fazendo com
que a viagem fosse lenta, o que fez com que tivessem que conhecer melhor os
lugares onde iam para não terem prejuízos.
Conforme o comércio se fortalecia, as
moedas iam ganhando mais importância. Além do mais, passaram a se encontrar
perto de florestas ou castelos para venderem seus produtos. Esses pontos de
encontro fixos receberam o nome de feiras.
As feiras
medievais eram longas, duravam de 15 a 60 dias e aconteciam uma ou duas vezes
por ano. Geralmente vinham mercadores de todos os lados trazendo as mais
variadas mercadorias. Como cada um trazia uma moeda diferente, surgiu nesse
período a profissão de cambista, que era o responsável pela troca das moedas (o
câmbio). As moedas ficavam sobre um banco de madeira, por isso esses cambistas passaram
a ser chamados de banqueiros, estes que logo começaram a lucrar com empréstimo
de dinheiro a juros.
Rua de feira na França
do século XV (Ville au Moyen Age). Disponível em: encurtador.com.br/ntHJK
Os burgos: cidades
medievais
Algumas
feiras foram tão bem-sucedidas que passaram a permanecer o ano inteiro, muitas se
transformaram em cidades, chamadas de burgos. Seus habitantes, os
comerciantes/mercadores eram chamados de burgueses. No entanto, esse processo
de urbanização no Ocidente foi bem lento.
O comércio não foi o único caminho para
o surgimento das cidades. Estas surgiram também perto de locais de
peregrinação, próximo a igrejas, no cruzamento de estradas mais movimentadas e
de rotas comerciais, entre outros. Quanto mais as cidades cresciam, mais o
comércio se fortalecia e vice-versa.
Reconstituição hipotética da cidade Medieval Silves,
Portugal. Disponível em: http://www.terraruiva.pt/2017/08/28/relato-da-cidade-sitiada-silves-1189-ii-parte/silves-a-cidade-medieval-2/
A
categoria dos artesãos se tornou cada vez mais necessária nesse processo,
abastecendo as vendas dos burgueses. Passaram a se organizar em corporações de
ofício, que eram associações de profissionais de um mesmo ramo de atividade.
Essas associações auxiliava os artesãos, protegendo-os da concorrência. Como
faziam isso? Todos os associados deviam cobrar o mesmo valor pelo produto, deveriam
usar a mesma qualidade de matéria prima e pagar quantia igual a seus
assalariados. Aqueles que não eram associados encontravam dificuldade em
trabalhar no ofício.
Apesar de toda essa organização,
muitas cidades se localizavam no interior das terras de um senhor feudal, um
duque, conde ou bispo. Por causa disso,
seus moradores tinham que pagar impostos e prestar serviços gratuitamente como
consertar estradas e pontes. Para obterem a autonomia de administração e o
direito de recolher impostos e utilizá-los para o bem da própria cidade, muitos
habitantes se reuniam e compravam a carta
de franquia, garantindo então essa almejada liberdade.
MUDANÇAS NA EUROPA FEUDAL
O Feudalismo, que foi um modo de organização
político, social e econômico baseado na posse de terra (o feudo), começou a
sofrer mudanças a por volta do século XI. Os historiadores nomearam esse
período de Baixa Idade Média (séculos X - XV). Vejamos alguns aspectos que
contribuíram para tais mudanças.
è
Crescimento demográfico - estima-se que a população da Europa Ocidental no ano
800 era composta por cerca de 18 milhões de pessoas. Já no ano 1300 aumentou
para aproximadamente 50 milhões de pessoas. Isso aconteceu devido o menor
índice de mortalidade causado pela menor incidência de epidemias, pela
diminuição das invasões “bárbaras” e pela mudança nas guerras de disputas entre
os feudos (os cavaleiros usavam armaduras melhores e não objetivavam matar os
adversários, mas sim capturá-los em busca de um resgate).
è
Expansão das áreas de cultivo - com mais pessoas, se tornou necessário aumentar
a produção de alimentos. Para isso derrubaram mais bosques e florestas e
aterraram pântanos, abrindo mais espaço para plantação.
è
Aumento da produção agrícola - ocorreu devido ao aumento na quantidade da terra
cultivada e de pessoas para trabalhar na produção. Além do mais, nesse período
introduziram importantes técnicas agrícolas, como:
-
CHARRUA – arado de ferro que passou a substituir o arado de madeira, tonando-se
possível movimentar a terra com mais profundidade.
Charrua. Fonte: Boulos Junior, A. História, sociedade &
cidadania, 7ºano, 3ªed. São Paulo: FTD, 2015
- ROTAÇÃO
TRIENAL: dividia-se o terreno em três campos. Cultivava-se dois campos enquanto
o terceiro permanecia em descanso. Com isso, o solo produzia mais, já que era
possível fazer duas colheitas por ano.
Iluminura retirada do Livro das horas, c.1527.
Fonte:
Boulos Junior, A. História, sociedade & cidadania, 7ºano, 3ªed. São Paulo:
FTD, 2015
- MOINHOS DE VENTO E DE ÁGUA:
foram aprimorados, aumentando assim a velocidade e a qualidade da moagem dos
grãos.
Com o aumento da produção agrícola, a população melhorou
seus hábitos alimentares, melhorando a expectativa de vida das pessoas. Além do
mais, tornou-se possível alimentar um maior número de cabeças de gado,
aumentando, portanto, os rebanhos e a oferta de carne e de matéria prima para
artesanato, como lã e couro.
Porém, a mudança principal está na utilização dos gêneros
alimentícios e artesanais produzidos nos feudos. A produção, que antes era para
a subsistência, passou a ter excedentes, ou seja, começou-se a produzir mais do
que a comunidade precisava. Passaram então a vender aquilo que “sobrava”. Esse
movimento faz com que haja o que os historiadores chamam de RENASCIMENTO
COMERCIAL E URBANO.
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