Nome que se dá aos diversos conflitos armados, iniciados em 1337 e que terminaram no ano 1453, entre as duas grandes potências europeias da época: Inglaterra e França. Os ingleses e franceses de revezavam nas vitórias das batalhas. Apesar de se chamar Guerra dos Cem anos, ela durou 116 anos. A guerra, contudo, não foi contínua. Haviam períodos de trégua e paralizações por motivos outros, como a peste negra e as revoltas camponesas. Efetivamente foram 55 anos de confronto.
Quais foram os motivos?
- Disputa entre ingleses e franceses por determinados territórios franceses, sobretudo Flandres que era uma região economicamente rica pelo comércio e pela produção de tecidos.
- Disputa pelo trono da França entre o rei inglês Eduardo III e o francês Felipe de Valois. Em 1328 o rei francês Carlos IV morreu sem deixar herdeiros. O rei inglês, Eduardo III, que era sobrinho do falecido, reivindicou o trono para si. Além dele, outros nobres, parentes do antigo rei, reclamaram o mesmo direito. Felipe de Valois também era sobrinho de Carlos IV.
Mas é importante lembrar que esses são apenas os motivos iniciais que impulsionam essa guerra. No decorrer de mais de um século, outros motivos políticos e pessoais foram surgindo e vários reis franceses e ingleses passaram no governo dessas duas potências europeias medievais.
Resultado
- Muitos líderes e reis passaram pela história da Guerra dos Cem anos. Depois de se alternarem os triunfos entre ingleses e franceses, a vitória final ficou nas mãos dos franceses. Os ingleses foram expulsos da maior parte do continente.
Consequências ocasionadas pela guerra
- Muitos campos cultiváveis foram destruídos durante tantos anos de batalhas.
- Tiveram milhares de mortes de ambos os lados.
- Houve também um agravamento na crise da sociedade feudal e a nobreza feudal ficou bem enfraquecida
- Gerou uma grave crise econômica para ambos os reinos, atrasando a entrada da França e da Inglaterra nas Grandes navegações.
- Houve ainda a centralização do poder nas mãos dos reis e a formação dos Estados Nacionais da França e da Inglaterra
- A luta propiciou ainda o surgimento do nacionalismo, sentimento até então vago na Europa. A partir das batalhas da Guerra dos Cem anos, começou-se a ter “honra” de pertencer a uma nação.
Esse sentimento de nacionalismo foi aflorado principalmente por causa de uma figura histórica: Joana D’arc. Vamos conhecer um pouco da história dessa santa guerreira?
JOANA D’ARC
Joana D’Arc nasceu na região de Lorena, na França. Há uma estimativa de que ela tenha nascido em 1412, já que em seu julgamento ela revelou ter 19 anos. Ela era a caçula entre quatro filhos de um casal de agricultores e artesãos. A família era muito religiosa, frequentavam a Igreja com regularidade. A infância e pré-adolescência de D’Arc foram marcadas pela Guerra dos Cem Anos.
Aos 13 anos de idade, D’Arc revelou ter ouvido vozes e ter tido visões pela primeira vez. A garota estava no jardim da casa de seu pai e recebeu aparições d o arcanjo São Miguel, da Santa Catarina de Alexandria e da Santa Margarida de Antioquia, figuras religiosas que vieram lhe dizer que ela deveria entrar para o exército francês e ajudar o rei Carlos VII na luta contra a Inglaterra. Joana D’Arc acreditava que se tratavam de mensagens divinas.
Aos 16 anos, Joana D’Arc pediu a uma parente para levá-la até a cidade para que ela conseguisse acesso à corte real francesa. Ela conversou com um funcionário da corte que não atendeu ao seu pedido, mas isso não a deteve. Joana D’Arc continuou a visitá-lo, até que em 1429 tal funcionário cedeu a ela um cavalo e a proteção de militares que a escoltariam pelo caminho.
Antes de partir para visitar o rei Carlos VII, porém, Joana D’Arc cortou seu cabelo curto e vestiu-se como um homem, acreditando que ganharia mais crédito se não tivesse aparência feminina. Após 11 dias de viagem, a jovem chegou até o reino francês.
Carlos VII, o líder máximo da França, recebeu uma adolescente analfabeta que alegava receber mensagens divinas. E mais ainda: acreditou nas palavras da menina e permitiu que ela liderasse parte de seu exército em uma guerra sangrenta. Em um depoimento, Joana D’arc disse que o rei Carlos VII havia recebido um sinal para entender que a história que ela contava era verdadeira.
Já com 17 anos, Joana D’arc recebeu doações de equipamentos, artigos de proteção e alguns soldados para aliviar a tensão com os ingleses na região de Orleães, na região norte-central da França.
A força armada francesa teve notável sucesso durante o período em que D’Arc o integrou.
Para os ingleses, as vitórias dos inimigos e o poder da jovem camponesa indicavam que ela era, na realidade, uma bruxa possuída pelo diabo. A ideia de que Deus estaria apoiando a França não entrava na cabeça dos ingleses.
Com as seguintes vitórias franceses, havia chegado o momento ideal para coroar Carlos VII como rei da França. A cerimônia aconteceu em julho de 1429 na cidade de Reims.
Para legitimar a coroação de Carlos VII, o rei resolveu marchar até Paris, a capital da França. O duque de Borgonha, contrário ao rei Carlos VII, aumentou a defesa da capital da França e em outras cidades, pegando de surpresa os franceses pelo caminho.
Sem muitas opções, o exército da França aceitou a rendição em várias cidades sem nem mesmo lutar. Quando chegaram à Paris, em setembro, foram atacados. O governo real decidiu dissolver o exército e iniciou uma campanha em busca de diplomacia. Com essa nova medida, Joana D’Arc já não tinha mais apoio para lutar. Sem o suporte do rei, ela continuou a participar de batalhas por conta própria com pouquíssimos militares.
Em maio de 1430 ela foi capturada pelas tropas borgonhesas. Por um valor de 10 mil libras, Joana D’Arc foi vendida ao exército da Inglaterra.
Em 1431, foi levada para julgamento, sendo acusada de ser bruxa, herege, possuída pelo demônio. Sua virgindade foi questionada e até o fato de ela utilizar roupas masculinas foi uma alegação para descreditar a camponesa.
Em 30 de maio de 1431, Joana D’Arc foi levada para a fogueira. Enquanto ela era queimada viva e a plateia a chamava de “bruxa”, “mentirosa” e “blasfema", ela pronunciava suas últimas palavras, “Jesus! Jesus! Jesus”, até não conseguir dizer nada mais.
Apesar de ter morrido como herege e bruxa, durante a década de 1456, a camponesa foi considerada inocente pelo Papa Calisto III. Em 1920, ela foi considerada santa pelo Papa Bento XV. Hoje, ela é considerada padroeira da França.
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